António Variações foi o cantor que, quando entrou no panorama musical português em 1981, conseguiu um sucesso quase instantâneo. A sua imagem surpreendente e arrojada com a barba e cabelo raiadas de louro, as suas vestes originais e uma voz única que nos prendia às suas canções do princípio ao fim deixou toda a gente de boca aberta e foi uma lufada de ar fresco no que se ouvia na rádio e televisão da altura.
Barbeiro de profissão era autor das suas músicas mesmo sem saber ler uma pauta. Escrevia também as letras para as canções e as palavras inspiradas pareciam simplesmente ajustadas à melodia. Variações ficou marcado na memória coletiva de quem já era gente nos anos 80.
Deixou-nos muito precocemente em 1984 quando ainda tinha tanto para dar à música. Hoje, no dia da minha mãe, deixo aqui uma das suas canções, Deolinda da Conceição, que António Variações dedicou à sua mãe.
Deolinda de Jesus
A minha mãe É a mãe mais bonita, Desculpem, mas é a maior, Não admira, foi por mim escolhida, E o meu gosto, é o melhor, E esta é a canção mais feliz, Feliz eu que a posso cantar, É o meu maior grito de vida Foi o seu grito, o meu despertar, Canção de mãe é sorrir, Canção de berço de embalar, Melodia de dormir, Mão ternura a aconchegar, Canção de mãe é sorrir, Gosto de ver e ouvir, Voz imagem de sonhar, Imagem viva lembrança, Que faz de mim a criança, Que gosta de recordar
A minha mãe, É a mãe mais amiga, Certeza, com que posso contar, E nem por isso, sou a imagem que queria, Mas sempre me soube aceitar, Razão de mãe é dizer, Mãe cuidado a aconselhar, Os cuidados que hei - de ter, As defesas a cuidar, Saudade mãe é escrever, Carta que vou receber, Notícia de me alegrar, Cartas visitas encontros, Essa troca que nós somos, Este prazer de trocar, Canção de mãe é sorrir, Gosto de ver e ouvir, A ternura de cantar.
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