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A mostrar mensagens de julho, 2021

um poema de António Gedeão

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    Calçada de Carriche   Luísa sobe, sobe a calçada, sobe e não pode que vai cansada. Sobe, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe sobe a calçada.  Saiu de casa de madrugada; regressa a casa é já noite fechada. Na mão grosseira, de pele queimada, leva a lancheira desengonçada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.   Luísa é nova, desenxovalhada, tem perna gorda, bem torneada. Ferve-lhe o sangue de afogueada; saltam-lhe os peitos na caminhada. Anda, Luísa. Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.  Passam magalas, rapaziada, palpam-lhe as coxas, não dá por nada. Anda, Luísa, Luísa, sobe, sobe que sobe, sobe a calçada.  Chegou a casa não disse nada. Pegou na filha, deu-lhe a mamada; bebeu da sopa numa golada; lavou a loiça, varreu a escada; deu jeito à casa desarranjada; coseu a roupa já remendada; despiu-se à pressa, desinteressada; caiu na cama de uma assentada; chegou o homem, viu-a deitada; serviu-se dela, não de

namoro com drama

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 Sei lá Eu sei lá, em que dia da semana vamos, Sei lá, qual é a estação do ano, Sei lá, talvez nem sequer queira saber. Eu sei lá, porque dizem que estou louca, Sei lá, já não sou quem fui sou outra, Sei lá, pergunta-me amanhã talvez eu saiba responder. Eu juro, eu prometo e eu faço, e eu rezo, Mas no fim o que sobra de mim, E tu dizes coisas belas, histórias de telenovelas, Mas no fim tiras mais um pouco de mim, Então força leva mais um bocado, Que eu não vou a nenhum lado, Leva todo o bom que há em mim, Que eu não fujo, eu prometo, eu perdoo e eu esqueço, Mas no fim o que sobra de mim. Mas tu sabes lá, as guerras que eu tenho, Tu sabes lá, as canções que eu componho, Tu sabes lá, talvez nem sequer queiras saber. Mas tu sabes lá, da maneira que te amo, Tu sabes lá, digo a todos que é engano, Tu sabes lá, pergunto-te amanhã mas não vais saber responder. Eu juro, eu prometo e eu faço, e eu rezo, Mas no fim o que sobra de mim, E tu dizes coisas belas, histórias de telenovelas, Mas no fim

A vida trágica de um matemático genial

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Évariste Galois (1811- 1832) Évariste Galois foi um grande matemático francês da primeira metade do século XIX. Nasceu em 1811 numa região ao sul de Paris e até aos 11 anos foi ensinado pela sua mãe. Só aos 12 anos entrou num liceu. Desde a infância Galois interessou-se pela política já que o seu pai foi eleito prefeito quando ele tinha quatro anos. Isto aconteceu no tempo em que Napoleão Bonaparte estava no poder e havia grande agitação política em França devido ao confronto entre republicanos e monárquicos. Mas o maior interesse de Galois era pela Matemática. Não era pela Matemática que lhe ensinavam no liceu que ele dedicava a sua atenção. Era um auto-didata, lia e estudava matemáticas superiores e abstratas. No liceu atormentava os professores ao distrair os seus colegas das matérias que lá lecionavam. Tinha tal nível de conhecimentos matemáticos que superavam e muito os dos seus professores. O seu temperamento explosivo e contestatário fazia com que os professores antipatizassem c