Pássaros do Sul





Planície


O bando debandou
subindo do arvoredo
do vácuo que ficou
no fim do seu degredo
as asas abrem chagas
no acinzar do entardecer
e amansam a agonia
do dia a escurecer

Ensombram a ribeira
e o verde da seara
e passam pela eira
em que o sol se pousara
as gotas do orvalho
luarento e vacilante
refrescam o cansaço
e dormem um instante

Pássaros do sul

bando de asas soltas
trazem melodias
p'ra cantar às moças
em noites de romaria
em noites de romaria

No adejo da alvorada
oscila a minha mágoa
o céu à desgarrada
irrompe azul na água
e a passarada acorda
no sonhar de um camponês
e entrega-se no sul
do frio que à noite fez

É tempo da partida
e a cor no horizonte
adensa a despedida
e o borbotar da fonte
as asas abrem chagas
na poeira o sol acalma
num agitar inquieto
que me refresca a alma

Pássaros do sul
bando de asas soltas
trazem melodias
pra cantar às moças
em noites de romaria
em noites de romaria


intepretação e composição de Mafalda Veiga
do  álbum  "Pássaros do Sul" , 1987

 

        (clique na imagem para ouvir a canção )

 

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  Fontes

https://www.youtube.com/watch?v=p2DxRc6WMp8
https://web.fe.up.pt/~fsilva/mafalda/letras/Planicie.htm

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