carta de um adolescente

POEMA DA MINHA ANGÚSTIA 

 

Vós, 

Que acreditais amar-me 

Vós, 

Que acreditais compreender-me 

 Vós, 

Que me julgais 

Vós, 

Que quereis ensinar-me tudo 

Vós, 

Que fingis considerar-me um homem, 

Que sabeis dos meus desgostos de criança? 

Vós,

Que me tomais ainda por criança, 

Que sabeis dos meus tormentos de homem? 

Vós, 

Detentores de todos os direitos e toda a sabedoria, 

Que sabeis das minhas raivas reprimidas? 

Que sabeis vós desta amargura que me leva a rejeitar com temor de aceitar... 

Que sabeis vós das maravilhas sonhadas, 

Dos meus medos, das minhas coragens de herói, 

Dos meus desejos infinitos e nunca confessados, 

Das minhas luzes, Dos meus caos?

Deixai-me viver encerrado no meu silêncio 

 

Com as minhas sombras e as minhas ideias... 

Porque na minha ilha onde tudo é inverosímil 

Não podem entrar nem a vossa moral nem as vossas razões. 

Vós que não me compreendeste, apesar disso, me julgaste, 

Vós que me tornaste agreste! 

 

Poesia de um menor inadaptado social

(extraída da banda original do fime Sandoz- Dessins d'adolescents,

tradução de M. Caeiro)

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